Capítulo 5

Fibra óptica

 

C5-0

 

Objetivos: Neste capítulo, você aprenderá:

Como a fibra óptica transmite luz.

Tipos de fibra.

Características físicas de diferentes tipos de fibra.

Especificações do desempenho da fibra.

 

O que é a fibra óptica?

 

A fibra óptica é o meio de comunicação que funciona enviando sinais ópticos (de luz) através de fios finos de fibra de vidro extremamente puro ou de plástico. A luz é “guiada” através do centro da fibra, que é chamado “núcleo”. O núcleo está rodeado por um material óptico chamado “cladeado” que captura a luz no núcleo utilizando una técnica óptica chamada “reflexão interna total”. A fibra é coberta por um revestimento buffer que a protege da umidade e de danos físicos. O revestimento buffer é a cobertura retirada da fibra para realizar uma terminação ou uma emenda.

 

 

 

 

O núcleo e o cladeado usualmente são realizados com vidro extremamente puro, embora algumas fibras sejam totalmente de plástico, ou com um núcleo de vidro e cladeado de plástico. O núcleo foi projetado para ter um maior índice de refração que o cladeado, um parâmetro óptico que mede a velocidade da luz no material. A refração de menor índice do cladeado faz com que os raios de luz sejam curvados conforme passam do núcleo para o cladeado, o que causa uma “reflexão interna total” que captura a luz no núcleo até um determinado ângulo, o que define a “abertura numérica” da fibra.

A fibra de vidro é coberta por um revestimento plástico chamado “revestimento buffer primário” que a protege da umidade e de danos físicos. E o “cabo” fornece mais proteção às fibras e aos elementos de resistência através de uma cobertura de proteção exterior chamada “jaqueta”.

 

Fabricação da fibra óptica

A fabricação da fibra óptica com precisão submícron é um processo interessante que consiste em fabricar vidro extremamente puro e esticá-lo até formar fios do tamanho de um cabelo humano. O processo começa com a fabricação de uma pré-forma, uma vareta de vidro de grande diâmetro que tem exatamente a mesma seção transversal que uma fibra, mas que é centenas de vezes maior. A extremidade da vareta é aquecida, e um fio fino de fibra é esticado desde a pré-forma e é enrolado em grandes bobinas. Depois da fabricação, a fibra é testada e transformada em cabo.

 

Tipos de fibra

 

Tipos multimodo e monomodo

Os dois tipos básicos de fibra são multimodo e monomodo. Dentro dessas categorias, as fibras são identificadas de acordo com os diâmetros do núcleo e do cladeado expressos em micrômetros (a milionésima parte de um metro), por exemplo, 50/125 micrômetros para a fibra multimodo.

A maioria das fibras tem 125 micrômetros de diâmetro exterior – um micrômetro é a milionésima parte de um metro e 125 micrômetros equivalem a 0,005 polegadas – apenas um pouco maior que um cabelo humano.

A fibra multimodo possui um núcleo através do qual viajam raios de luz em muitas direções, chamadas modos. O núcleo é maior (geralmente de 50 ou 62,5 micrômetros) e suporta a transmissão de múltiplos modos (raios) de luz. A fibra multimodo geralmente é utilizada com fontes LED em comprimentos de onda de 850 e 1300 nm (ver abaixo) para redes de área local (LAN) mais lentas e com fontes laser a 850 nm (VCSEL) e 1310 nm (laser Fabry-Perrot) para redes que operam a velocidades de gigabits por segundo ou mais altas.

A fibra monomodo possui um núcleo muito menor, de apenas 8 ou 9 micrômetros, portanto a luz viaja somente em um raio (modo). É utilizada para telefonia e TV a cabo com fontes laser de 1310 a 1550 nm, já que tem perda mais baixa e uma largura de banda virtualmente infinita.

A fibra óptica de plástico (POF) possui um grande núcleo (aproximadamente de 1 mm), usualmente é de índice escalonado e pode ser utilizada para redes de distância curta e de baixa velocidade.

As fibras PCS/HCS (de sílica com revestimento de plástico ou resistente, cladeado de plástico sobre núcleo de vidro) possuem um núcleo de vidro menor (cerca de 200 micrômetros) e um cladeado de plástico fino.

 

 

As fibras multimodo de índice escalonado foram as primeiras criadas. O núcleo da fibra multimodo de índice escalonado é feito com um tipo de material óptico e o cladeado com outro tipo, com características ópticas diferentes. Nela, a atenuação é mais alta e é muito lenta para muitos usos, devido à dispersão causada pelas diferentes distâncias percorridas pelos variados modos no núcleo. A fibra de índice escalonado não é muito utilizada – apenas as POF e as PCS/HCS (de sílica com revestimento de plástico ou resistente, cladeado de plástico sobre núcleo de vidro) utilizam o design de índice escalonado hoje. A POF é utilizada principalmente para enlaces de áudio e TV para o consumidor final.

As fibras multimodo de índice gradual utilizam variações na composição do vidro no núcleo para compensar as diferentes distâncias percorridas pelos modos. Elas oferecem uma largura de banda centenas de vezes maior que a da fibra de índice escalonado, de até aproximadamente 2 gigahertz. São utilizadas as de dois tipos, de 50/25 e de 62,5/125, onde os números representam os diâmetros do núcleo/cladeado em micrômetros. A fibra multimodo de índice gradual é utilizada principalmente para redes no interior, LAN, fibra até a estação de trabalho, CCTV e para outros sistemas de segurança.

O núcleo da fibra monomodo é tão pequeno que a luz pode viajar apenas em um raio, o que aumenta a largura de banda até quase o infinito, mas está praticamente limitada a 100.000 gigahertz, que ainda é muito! O diâmetro do núcleo da fibra monomodo é de 8-10 micrômetros, e é conhecido como “diâmetro do campo modal”, o tamanho efetivo do núcleo e um cladeado de 125 micrômetros de diâmetro. A fibra monomodo é utilizada para redes no exterior como as redes de telecomunicações, FTTH, TV a cabo, municipais e enlaces de dados de longa distância como as de gerenciamento de serviços públicos. Alguns backbones de redes LAN de alta velocidade, usualmente em um campus, utilizam fibras monomodo.

Foram desenvolvidas fibras especializadas para aplicações que exigem especificações únicas de desempenho da fibra. Tanto as fibras multimodo quanto as monomodo insensíveis a curvaturas são utilizadas para patch cords e para fibras contidas em compartimentos apertados. As fibras monomodo dopadas com érbio são utilizadas em amplificadores ópticos, dispositivos utilizados em redes de distâncias extremamente longas para regenerar sinais. As fibras são otimizadas para largura de banda em comprimentos de onda apropriados para sistemas DWDM ou para reverter a dispersão cromática. Esta é uma área de desenvolvimento de fibra que está muito ativa.

 

Tipos e tamanhos de fibra

Encontramos fibra de dois tipos básicos: monomodo e multimodo. Exceto pelas fibras utilizadas para aplicações especializadas, a fibra monomodo pode ser considerada de um único tamanho e tipo. Nas redes de telecomunicações de longa distância ou nos cabos submarinos, o trabalho normalmente é feito com fibras monomodo especializadas.

 

 

As fibras multimodo eram fabricadas originalmente em diferentes tamanhos, e eram otimizadas para várias redes e fontes, mas, em meados dos anos 80, a indústria de dados padronizou o núcleo em 62,5 (a fibra de 62,5/125 tem um núcleo de 62,5 micrômetros e um cladeado de 125 micrômetros). Atualmente, é chamada fibra padrão OM1. Há pouco tempo, como as redes gigabit e 10 gigabit começaram a ser amplamente utilizadas, voltou a ser usado um design de fibra antigo. A fibra de 50/125 era utilizada nos finais dos anos 70 para instalações de telecomunicações com laser, até que foi disponibilizada a fibra monomodo. Essa fibra de 50/125 (padrão OM2) oferece maior capacidade de largura de banda com as fontes laser utilizadas em redes LAN gigabit e permite que os enlaces gigabit percorram maiores distâncias. A mais recente fibra de 50/125 otimizada para laser ou OM3 é considerada pela maioria como a melhor escolha para instalações multimodo.

As fibras de índice escalonado mais comuns são fibras ópticas de plástico que geralmente têm 1 mm de diâmetro. As fibras de sílica revestida com plástico ou com revestimento resistente têm um cladeado de plástico sobre um núcleo de vidro de geralmente 250 micrômetros de diâmetro com um núcleo de 200 micrômetros.

 

Tipos de fibra e especificações típicas

 

Núcleo/Cladeado

Atenuação

Largura de banda

Aplicações/Notas

 

 

 

 

Multimodo de índice gradual

@850/1300 nm

@850/1300 nm

 

50/125 micrômetros (OM2)

3/1 dB/km

500/500 MHz-km

Laser para redes LAN GbE

50/125 micrômetros (OM3)

3/1 dB/km

2000/500 MHz-km

Otimizada para VCSEL de 850 nm

50/125 micrômetros (OM4)

3/1 dB/km

4700/500 MHz-km

Otimizada para VCSEL de 850 nm >10Gb/s

62,5/125 micrômetros (OM1)

3/1 dB/km

160-200/500 MHz-km

Fibra para rede LAN (FDDI)

100/140 micrômetros

3/1 dB/km

150/300 MHz-km

Obsoleto

 

 

 

 

Monomodo

@1310/1550 nm

@1310/1550 nm

 

9/125 micrômetros (OS1, B1.1 ou G.652)

0,4/0,25 dB/km

~100 Terahertz

Fibra padrão monomodo, telecomunicações/TV a cabo, redes LAN de longa distância e alta velocidade

9/125 micrômetros (OS2, B1.3 ou G.652)

0,4/0,25 dB/km

~100 Terahertz

Fibra de “pico de água reduzido” (LWP)

9/125 micrômetros (B2 ou G.653)

0,4/0,25 dB/km

~100 Terahertz

Fibra com dispersão deslocada (DSF)

9/125 micrômetros (B1.2 ou G.654)

0,4/0,25 dB/km

~100 Terahertz

Fibra com corte deslocado (CSF)

9/125 micrômetros (B4 ou G.654)

0,4/0,25 dB/km

~100 Terahertz

Fibra com dispersão deslocada não nula (NZ-DSF)

 

 

 

 

Multimodo

 

 

 

De índice escalonado

@850 nm

@850 nm

 

200/240 micrômetros

4-6 dB/km

50 MHz-km

Núcleo de vidro com cladeado de plástico,

redes LAN e enlaces de baixa velocidade

 

 

 

 

 

 

 

POF (fibra óptica de plástico)

@650 nm

@650 nm

 

1 mm

~ 1 dB/m

 ~5 MHz-km

Enlaces de curta distância e de baixa velocidade, e veículos

 

OM* de acordo com a TIA (Associação das Indústrias de Telecomunicações); B* de acordo com a IEC (Comissão Eletrotécnica Internacional); G* de acordo com a ITU (União Internacional de Telecomunicações).

 

Misturar diferentes tipos de fibras

Não é possível misturar e fazer coincidir diferentes tipos de fibra. A diferença nos núcleos das fibras pode causar perdas elevadas ao transmitir de uma fibra com um núcleo maior para uma fibra com um núcleo menor. Ao transmitir de uma fibra com um núcleo menor para uma fibra com um núcleo maior não haverá perdas devido às incompatibilidades entre as fibras, já que fibra transmissora tem menor tamanho que a fibra receptora. Tentar conectar uma fibra monomodo com uma multimodo pode causar uma perda de 20 dB, o que equivale a 99% da potência. Até mesmo as conexões entre fibras de 62,5/125 e 50/125 podem causar uma perda significativa de 3 dB.

 

Especificações da fibra

 

As especificações usuais são: tamanho (diâmetros de núcleo/cladeado em micrômetros), coeficiente de atenuação (dB/km nos comprimentos de onda apropriados) e largura de banda (MHz-km) para fibras multimodo; e dispersão cromática e dispersão de modo de polarização para fibras monomodo. A pesar de que os fabricantes levam em conta outras especificações para o projeto e a fabricação da fibra de acordo com os padrões do setor, como a abertura numérica (o ângulo de aceitação de luz da fibra), a ovalidade (quão redonda é a fibra), e a concentricidade do núcleo e do cladeado, etc., esses aspectos geralmente não afetam os usuários que precisam comprar ou instalar fibras específicas.

 

Atenuação

A especificação principal da fibra óptica é a atenuação, que significa uma perda de potência óptica. A atenuação de uma fibra óptica é expressa pelo coeficiente de atenuação, que é definido como a perda na fibra por unidade de comprimento (em dB/km). A atenuação da fibra varia significativamente se acordo com o comprimento de onda da luz.

 

 

A atenuação da fibra óptica é o resultado de dois fatores: absorção e espalhamento. A primeira é causada pelas moléculas no vidro que absorvem a luz e a convertem em calor. Os principais agentes de absorção são os OH+ residuais e os dopantes utilizados para modificar o índice de refração do vidro. Tal absorção ocorre em comprimentos de onda diferentes, determinados pelos elementos que absorvem a luz. A absorção de OH+ é predominante e ocorre com mais força em 1000 nm, 1400 nm e acima de 1600 nm.

A maior causa da atenuação é o espalhamento. O espalhamento ocorre quando a luz colide com átomos individuais no vidro e é anisotrópico. A luz que é espalhada em ângulos fora da abertura numérica da fibra será absorvida no cladeado ou retornada à fonte. O espalhamento também e uma função do comprimento de onda, inversamente proporcional ao comprimento de onda da luz elevada à quarta potência. Portanto, ao duplicar o comprimento de onda da luz, as perdas por espalhamento são reduzidas pela metade em relação à quarta potência ou 16 vezes.

Por exemplo, a perda da fibra multimodo é muito mais alta a 850 nm (chamada comprimento de onda curto), de 3 dB/km, enquanto a 1300 nm (chamada comprimento de onda longo) é de apenas 1 dB/km. Isto significa que a 850 nm, a metade da luz é perdida em 1 km, enquanto a 1300 nm a perda é de apenas 20%.

Portanto, para transmissões de longa distância é conveniente utilizar o maior comprimento de onda possível para ter mínima atenuação e máxima distância entre os repetidores. Juntos, a absorção e o espalhamento produzem a curva de atenuação de uma fibra típica de vidro, tal como mostrado acima.

Os sistemas de fibra óptica transmitem nas “janelas” criadas entre as bandas de absorção a 850 nm, 1300 nm e 1550 nm, nas quais a física também permite fabricar lasers e detectores facilmente. A fibra de plástico tem um comprimento de onda limitado, o que restringe o uso prático a fontes LED de 660 nm.

A atenuação das fibras multimodo de índice gradual também depende de como é transmitida a luz através da fibra, o que é chamado distribuição de potência modal. A largura de banda também é afetada pela distribuição de potência modal, por isso, a seguir são analisados os efeitos modais na fibra multimodo.

 

Largura de banda

A capacidade de transmissão de informações da fibra multimodo é limitada por dois componentes diferentes da dispersão: modal e cromática. A dispersão modal ocorre pelo fato de que o perfil do índice da fibra multimodo não é perfeito. O perfil de índice gradual teoricamente permite que todos os modos tenham a mesma velocidade de grupo ou velocidade de trânsito ao longo da fibra. Quando a parte exterior do núcleo tem um índice de refração menor que o da parte central do núcleo, os modos de ordem superior aumentam sua velocidade à medida que se afastam do centro do núcleo, para compensar assim as maiores distâncias percorridas.

 

 

Em uma fibra ideal, todos os modos deveriam ter a mesma velocidade de grupo e não deveria existir a dispersão modal, mas na realidade, o perfil do índice é uma aproximação por partes e os modos não são todos transmitidos perfeitamente, o que permite a existência de dispersão modal. Devido a que os modos de ordem superior têm maiores desvios, a dispersão modal de uma fibra (e, portanto, sua largura de banda laser) tende a ser muito sensível ao condicionamento modal na fibra. A largura de banda de uma fibra em particular é proporcional ao comprimento da fibra, já que a dispersão ocorre ao longo de toda a fibra. No entanto, a largura de banda de fibras mais longas é degradada de forma não linear, já que os modos de ordem superior são atenuados com mais força. A seguir se encontra uma análise dos efeitos da distribuição de potência modal.

 

 

O segundo fator que incide na largura de banda da fibra é a dispersão cromática, que afeta tanto a fibra multimodo quanto a monomodo. É importante lembrar que um prisma espalha o espectro de luz incidente, devido a que a luz viaja a diferentes velocidades de acordo com a sua cor e é refratada em ângulos diferentes. O índice de refração do vidro depende do comprimento onda, portanto, uma fibra com perfil de índice gradual fabricada cuidadosamente pode ser otimizada para apenas um único comprimento de onda, usualmente perto de 1300 nm, e a luz de outras cores sofrerá dispersão cromática. Até a luz no mesmo modo será dispersa se tiver diferentes comprimentos de onda.

A dispersão cromática é um grande problema com fontes LED na fibra multimodo, porque têm uma saída espectral ampla, a diferença dos lasers que concentram a maior parte da luz em uma faixa espectral estreita. Os sistemas como o FDDI, que são baseados em LED emissores de superfície de saída espectral ampla, sofrem tal intensidade de dispersão cromática que a transmissão é limitada a apenas 2 km de fibra de 62,5/125.

A dispersão cromática também afeta enlaces longos em sistemas monomodo, mesmo com lasers, é por isso que a fibra e as fontes são otimizadas para minimizar a dispersão cromática em enlaces de longa distância.

Como os sistemas monomodo se tornaram mais rápidos e de maior distância, outro fator de dispersão ganhou importância, a dispersão de modo de polarização (PMD). A PMD ocorre pelas diferenças de velocidade na propagação da luz polarizada na fibra. É difícil testar a PMD, porque é sensível à tensão física aplicada sobre o cabo, podendo mudar, por exemplo, nos casos em que a velocidade do vento afeta os cabos aéreos. Também é complicado testar a PMD com os métodos que utilizam os diferentes fabricantes de equipamento de testes.

 

Efeito de dispersão modal na fibra multimodo

 

Nas fibras multimodo, alguns raios de luz viajam direto pelo eixo da fibra, enquanto todos os outros oscilam ou rebotam para frente e para trás dentro do núcleo. Nas fibras de índice escalonado, os raios que viajam fora do eixo, chamados “modos de ordem superior” rebotam para frente e para trás desde os limites do núcleo/cladeado, conforme são transmitidos através da fibra. Como esses modos de ordem superior viajam em distâncias maiores que os raios axiais, são responsáveis pela dispersão modal que limita a largura de banda da fibra.

Na fibra de índice gradual, a redução do índice de refração do núcleo à medida que se aproxima do cladeado faz com que os modos de ordem superior sigam um caminho curvo que é mais longo que o do raio axial (o “modo de ordem zero”), mas em virtude do menor índice de refração longe do eixo, a luz aumenta sua velocidade conforme se aproxima do cladeado e precisa aproximadamente o mesmo tempo para viajar ao longo da fibra. Portanto, a “dispersão” ou as variações no tempo de trânsito dos diferentes modos é minimizada, e a largura de banda da fibra é maximizada.

No entanto, o fato de que os modos de ordem superior viajem mais longe no núcleo de vidro faz com que eles tenham mais possibilidades de sofrer espalhamento ou absorção, as duas primeiras causas de atenuação da fibra óptica. É assim que os modos de ordem superior vão sofrer uma atenuação maior que os modos de ordem inferior, e uma seção comprida de fibra totalmente cheia (todos os modos são lançados com o mesmo nível de potência) terá menor quantidade de potência nos modos de ordem superior da que teria a mesma fibra em uma distância menor.

Esta mudança da “distribuição modal” entre fibras de índice gradual curtas e longas é descrita como “perda transitória” e pode causar grandes diferenças nas medições de atenuação realizadas na fibra. Ela não apenas muda a distribuição modal, mas também muda o diâmetro efetivo do núcleo e a abertura numérica. O termo “distribuição dos modos em equilíbrio” (EMD) descreve a distribuição de modos em uma fibra longa que perdeu a maioria dos modos de ordem superior. Uma fibra “longa” tem uma EMD, enquanto uma fibra “curta” tem a todos seus modos de ordem superior inicialmente lançados.

 

Efeito de dispersão modal nas medições de perdas

Ao medir a atenuação de uma fibra longa de índice gradual multimodo em EMD (ou com condições de lançamento de EMD simulada) e compará-la com a de uma fibra normal em “condições de lançamento sobrecarregado” (isto é, que a fonte enche todos os modos por igual), será possível perceber que a diferença é de aproximadamente 1 dB/km, e esse valor é denominado “perda transitória”. Portanto, a medição da fibra em EMD fornece uma atenuação de 1 dB por km menos que as condições de sobrecarregamento. Os fabricantes de fibra utilizam o tipo de medição com EMD porque é mais reproduzível e representa as perdas esperadas em seções compridas de fibras. Alguns padrões exigem o uso de um coeficiente de atenuação mais alto para calcular a perda de uma rede de cabos do que o coeficiente de atenuação testado da maioria das fibras, porque os cabos são muito mais curtos que os comprimentos da EMD.

Da mesma maneira, ao testar cabos com conectores, a medição da perda dependerá da distribuição da potência modal na fibra. Uma medição de EMD pode dar resultados otimistas, já que efetivamente representa uma situação onde é feito um lançamento a partir de uma fibra de um diâmetro menor e abertura numérica menor que a fibra de recepção, o que produz uma perda do conector mais baixa. A diferença na perda do conector causada por condições de lançamento modal pode ser enorme. Utilizando o mesmo par de conectores é possível medir vários décimos de um dB a mais com um lançamento totalmente cheio que com um lançamento simulado com EMD.

A maioria dos padrões para cabos com fibra multimodo exige algum método de controle da distribuição da potência modal. Os fabricantes utilizam métodos sofisticados que analisam a potência de saída da fonte de teste acoplada a um cabo de referência. Alguns métodos de teste de campo mais práticos exigem uma especificação na saída da fonte seguida de um de mandril de enrolamento. Esse assunto será coberto mais detalhadamente no capítulo sobre testes.

 

Efeito de dispersão modal na largura de banda

A fibra multimodo de índice gradual foi criada para melhorar a largura de banda da fibra. As camadas de vidro de índice de refração decrescente afastadas do centro do núcleo guiam a luz por caminhos sinusoidais onde a luz viaja mais rápido à medida que se afasta do centro do núcleo. O perfil do índice da fibra deve fornecer compensação para os modos de ordem superior, mas isso é imperfeito. Quando a distribuição modal da fibra está limitada a perto do centro do núcleo, como no caso das fontes laser, a largura de banda da fibra efetivamente se torna maior.

A largura de banda da maioria das fibras vem sendo testada na fábrica utilizando uma fonte de teste que sobrecarrega a fibra, isto é, que todos os modos transportam luz. Pesquisas recentes em fibras otimizadas para laser desenvolveram novos métodos de teste, seja limitando a sobrecarga da fibra ou utilizando métodos de dispersão que analisam os modos separadamente.

 

 

 

 

Perguntas de revisão

 

Escolha múltipla

Identifique a opção mais adequada para completar a declaração ou responder a pergunta.

 

____               1. A fibra monomodo tem um núcleo __________ que o da fibra multimodo.

A.

menor

B.

maior

C.

do mesmo tamanho

 

 

____            2. Qual é a medição do tamanho do núcleo de uma fibra monomodo?

A.

5 mm

B.

9 micrômetros

C.

50 micrômetros

D.

63,5 micrômetros

 

 

____            3. A fibra monomodo tem uma largura de banda __________ que a da fibra multimodo.

A.

maior

B.

menor

C.

igual

 

 

____            4. Que comprimentos de onda são os apropriados para utilizar com fibra multimodo?

A.

650 e 850 nm

B.

850 e 1300 nm

C.

850 e 1310 nm

D.

1310 e 1550 nm

 

 

____            5. Qual é a medida do diâmetro do núcleo da fibra multimodo OM2 e OM3?

A.

50 micrômetros

B.

62,5 micrômetros

C.

62,5 mm

D.

9 mm

 

 

____            6. Qual das seguintes especificações é mais importante para o usuário e é um fator importante nos testes?

A.

Atenuação

B.

Largura de banda

C.

Abertura numérica

D.

Concentricidade do núcleo e do cladeado

 

 

____            7. A principal causa da atenuação da fibra é __________.

A.

a absorção

B.

o espalhamento

C.

as perdas por curvaturas

D.

as microcurvaturas

 

 

____            8. Que tipo de fibra geralmente tem o maior núcleo?

A.

Fibra óptica de plástico (POF)

B.

Fibra multimodo de índice escalonado

C.

Fibra multimodo de índice gradual

D.

Fibra monomodo

 

 

____            9. A perda de uma fibra multimodo de índice gradual é maior a __________.

A.

850 nm

B.

1300 nm

C.

1310 nm

D.

1550 nm

 

 

____            10. Que tipo de dispersão afeta tanto a fibras monomodo quanto as fibras multimodo?

A.

Modal

B.

Diferencial

C.

Cromática

D.

De modo de polarização

 

 

Outros estudos e leituras

Analisar amostras de fibra óptica, incluindo fibra nua, com revestimento buffer, de buffer apertado e POF, seguindo os procedimentos de segurança. Acoplar a luz de uma lanterna ou um ponteiro laser através de uma POF para observar como é transmitida a luz.

Para aprender como é fabricada a fibra óptica ler o Guia de Referência On-line da FOA ou os sites dos fabricantes de fibra óptica.

Para aprender como acontecem as perdas por incompatibilidade entre as fibras e a sua importância ler o Guia de Referência On-line da FOA.